16 de dezembro de 2015

Vi-te às 2h34

E perdi-te 20 minutos depois.
Não estavas sozinho. Nunca estás. Mas também nunca procuras companhia. Só a minha.
Vi-te pelo canto do olho.
E não te vi mais de perto porque não estavas sozinho. Porque procuras ocupar-te. Porque vives com medo do que podes encontrar se ficares sem as vozes que te enchem os dias.
Eu sei que só gostas de estar sozinho comigo. Eu sei que gostas de me ouvir. De me ver sorrir e de me ensinar a morar (n)a tua casa. Na casa que só é minha quando estás sozinho.
Temos tanta necessidade de estar nesta solidão. Eu contigo e tu comigo. De te adivinhar no silêncio que nos cabe entre os dedos. De te ver ao longe quando descansas a cabeça no meu colo.
E então diz-me. O que descobriste? O que me queres tanto mostrar? Sei que me procuras quando queres estar contigo.  Quando a solidão já te abraçou e só é confortável neste colo e nestes braços que tanto te tiveram.
Perdi-te no meio de mim e no silêncio que nos aquecia as noites frias. 20 minutos, para te perder? Uma noite inteira, outra e tantas mais, digo eu.

10 de outubro de 2015

este coração de passarinho

Não te consigo explicar.
E muito menos entender.
Estás sempre por perto. O teu perfume. O cheiro que só descobri em ti e que agora parece tão comum. Os arrepios que me causas e os sorrisos também. Eu sei, devia guardar-te rancor. Ou nem por isso.
Afinal, não te consigo explicar. Não te consigo explicar às minhas amigas e elas não iriam entender que me deixei ir na conversa de alguém com uma voz tão pequenina quando sempre fui de conversar até de madrugada. Às vezes nem eu sei bem se me apaixonei por ti ou pelo teu jeito comigo, por saberes exactamente de mim e dos meus cantos tão desarrumados.
Sinto que estás mesmo aqui ao lado quando acordo sobressaltada a meio dos sonhos que tenho contigo. Com a nossa história. Como fomos felizes dentro de quatro paredes, bem aconchegados entre lençóis e abraços que ainda hoje não acabaram. Não te consigo deixar fugir e ainda menos esquecer-me de ti. A beleza que vi em ti, a maneira como sorrias e semi-cerravas os olhos. Quando me puxavas para dançar e no minuto seguinte estavas bem longe a cantar as palavras bonitas que me sussurravas ao ouvido.

14 de agosto de 2015

"If you're going through hell, keep going", 2012

" - People in this time and age are brain washed programed like a computer, being nothing more than puppets.
- We are evil in some form or another.
- Look down on me you will see a fool; look up at me you will see your lord; look straight at me you will see yourself.
- I just view things as objects. People, animals, threes, cars, they are all the same to me. "
 Patrick Findeis

17 de julho de 2015

Ao(s) falecido(s)

Um brinde ao meu falecido, como gosto de lhe chamar.
Ao que me faz ficar com as pernas a tremer e a voz a falhar.
Ao que me faz ter alucinações e rouba horas de sono.
Ao filho da puta que, mesmo sem saber, me entorna lágrimas que nem vinho tinto em roupa branca.
Ao que, mesmo sem estar perto, me corta a respiração como mais ninguém.

Um brinde aos meus amigos, que nunca se cansaram.
Aos que, pacientemente, me abraçaram a alma.
Aos que, vezes sem conta, correram para mim.
Aos que se perderam nas tuas histórias.
Aos que me querem tanto como eu te queria.

E um brinde a mim, que só agora te estou a fazer o luto.
A mim, que percebi que os dias cinzentos existem e que não preciso que vás a correr roubar o sol.
A mim, que aceitei a tua derrota como a minha maior vitória.
A mim, que tanto esperei para deixar de te querer.
A mim, que me consegui erguer depois de tantas vezes apanhar do chão frio de minha casa, o meu coração e as tuas roupas amarrotadas.

19 de junho de 2015

Lisboa. Das madrugadas.
Dos que se perdem. Dos que se encontram.
Dos companheiros de noites mal dormidas e dos copos vazios.
Lisboa. Que me apaixona. Por ti. Devagar.

15 de junho de 2015

in repair

Não fomos feitos para correr.
Não fomos feitos para procurar o que não sabemos se existe. Pelo menos eu já não estou talhada desse jeito. Aquele que tu conheceste.
Tu. Que foges e sempre fugiste. Foges do tempo. Foges de ti.

Agora que o tempo passou estou serena. Aprendi a desfrutar da minha própria companhia. Estar sozinha já não é triste e passou a fazer parte de mim. Não tenho, necessariamente, de depender da companhia dos amigos que tantas vezes me levaram até ti, não tenho de me sujeitar às regras e convenções sociais de que tantas vezes fui vítima só para poder olhar para ti. Agora que a tempestade acabou; que filtrei com cuidado as minhas companhias; que remexi, arrumei e desarrumei vezes sem conta a minha cabeça; que percebi que talvez até consiga viver com o estigma que tenho em relação à sociedade e a qualquer tipo de regra; agora que deixei de me esforçar, de me importar em aceitar as verdades universais que nunca ninguém questionou. Tenho a minha opinião mais sóbria do que eu alguma vez vou estar, apesar de saber que não gostas e que não queres que me torne num ser desses, como tu te tornaste; e que perceba todas as tuas palavras, até as que nunca disseste. Mais ainda; sei exatamente o que era, para ti, para o círculo mais ou menos mesquinho que me rodeava. E que tu nunca gostaste. Nunca quiseste que eu seguisse sozinha e a tua luta passava sempre por me encaixares aqui ou ali. Já está! Já encontrei o meu lugar. Sempre fui boa atriz, sobretudo na maior parte das vezes em que nem eu sabia que representava. Agradeço aos lunáticos que, como tu e como eu, viveram tão bem neste teatro. Nesta casa pequena onde sempre tivemos espaço para mais uma cena. Onde contracenámos, dançámos, rimos e chorámos. Pelo menos eu chorei. Deixa os aplausos para depois. Para uma próxima. Para quando voltarmos a pisar um palco maior, com um público bem mais exigente. Foste um prazer.

9 de junho de 2015

quite good. quite you. fuck. from me to you.

" I want you to call me by my name when I am lying on your bed 
I pray you to stay away while I m talking with your friends
I need you to be around my legs and stop complaining about the rain

And how could I show you without looking freaking mad 
that I am not always gonna be around 
And how could I show you without loosing all our time 
that I am not always gonna run behind 
And why,(oh why?) you are on my mind. 

I need you to feel like a man when I give you all I am
I know you re not hangover today, you are classifying your cassettes
And hey you just can't share my mistakes oh man I m trying all my best
And how could I show you without looking freaking mad 
that I am not always gonna be around 

And how could I show you without loosing all our time 
that I am not always gonna run behind 
And why,(oh why?) you are on my mind. 

I want you to call me by my name when I am lying on your bed
I need you to feel like a man when I give you all I am 
I know you re not hangover today, you are classifying your cassettes "

 https://www.youtube.com/watch?v=mk-5w3Di0jk

15 de maio de 2015

tears of liberty

Espero que não tardes em vir. Espero que não esperes, como eu esperei por ti. Espero que vivas feliz, nessa ilusão de quem já esperou esquecer-me. Espero, lá no fundo, que tenhas esperado para me esquecer. Eu espero, ainda mais do que tu alguma vez esperaste pela manhã que não vinha, nos lençóis da minha cama, que te canses de esperar. Que o tempo corra, como tu correste para mim.
E espero, mais do que espero por ti, que mais ninguém te faça gritar como eu fiz. Que mais ninguém te faça rir, às gargalhadas, como eu fazia. Que mais ninguém te faça sentir tão confortável como quando nos destruíamos. E espero, sobretudo, que os teus olhos não brilhem, não se mostrem tão bonitos, como só eu os via.
Que o tempo passe rápido. Mais rápido. Que eu te perca tantas vezes como as que te encontro. Que deixemos de fazer parte deste filme que tem sido a nossa vida. Que percebas que qualquer beleza que já conheceste até agora nunca se vai poder comparar à beleza que descobrimos nas noites que passámos sem dormir; à das visitas por Lisboa quando ainda se sentia o frio da madrugada; à da minha pele na tua; à do álcool que nos consumia e nos libertava um do outro e um para o outro.
E espero que te lembres de mim. Que eu seja uma memória boa. A tua memória mais forte. Pelo menos, no que toca a estas coisas do coração, que eu tenha aparecido no tempo errado mas tenha feito as coisas certas. Que, mais tarde, quando o tempo já for certo, possamos errar muito os dois. Eu espero. Espero e (des)espero.

13 de março de 2015

Foda-se

Destruir-me. Matar-me. Ser o ser mais nojento que existe. A necessidade de me odiar. De não gostar de mim. Somos todos nojentos. Não somos charlie, coisa nenhuma. Somos nojentos. Incapazes. Não sabemos apreciar uma troca de olhares, Bukowski ao fim da tarde. O Tejo a correr em nós.

Assusta-me a minha sobriedade. A minha tibieza. Assusta-me ser só isto. Entro em pânico por ser só. Sem encantos. Ser a única coisa em que sou capaz: desilusão. Ser tão mísera que ninguém vê em mim mais do que aquilo que sou.

A minha fase mais auto-destrutiva chegou e para ficar. Se bem-vinda. Não há muito mais para ver. Não tenho histórias bonitas para contar. Não sou cheia de pessoas e de algo que valha a pena. Sou o miúdo gordinho de quem todos gozam na escola: um corpo vazio. Sem mais nada para ver, para conhecer. Uma vida vazia, uma vida sozinha.

5 de março de 2015

T de ternura

"Sozinha no monte.
O meu olhar era ternura
De ver água na fonte
E poder comer fruta madura.

Quando chegava a noite escura,
Dizia sempre esta razão:
"Vives aqui criatura,
Sozinha nesta solidão"

Olhei por muito tempo,
Via os lindos horizontes,
Ouvia soprar o vento
E o correr da água mas fontes.

Foi assim que eu encontrei
Este mundo de beleza.
Estava sozinha no monte
E adorei a natureza"

85 anos. A minha avó. Sempre e sempre mais para me ensinar.

24 de fevereiro de 2015

Já ninguém morre por amor

Será que algum dia nos vamos matar por amor?
Morrer com o que nos afasta um do outro. Deixarmos-nos ir com o que nos consome o tempo e a vontade.
Se algum dia eu chegar a morrer de amores por ti, quero morrer depressa. Quero que seja a melhor e maior morte de todas. Que te traga para perto e que me leve para longe. Tu perto do que ainda não te mostrei e eu longe do que já conheço de ti.
Se algum dia te declarar o óbito, que te faça o luto bem depressa. Que seja como um criança que deixou o brinquedo preferido por aí perdido. Que chore muito, mas que te esqueça rápido. Que me esqueça ainda mais rápido que alguma vez quis morrer por ti.
E que tu queiras morrer por mim. Que tenhas em ti alguma coisa para matar. Ainda que sejam as memórias de mim, da minha pele na tua. Arranca-me e mata-me depressa.

Ou então, só por hoje, enquanto não me deixas morrer por ti, mata-me o desejo. Leva-me a passear. Leva a minha vontade para longe e ensina-me a matar a vontade de ti, a vontade de te gritar e de te querer aqui, bem junto, onde ficas tão bem comigo.

8 de janeiro de 2015

Travelling Shoes - Jack Carty

Se as histórias de amor corressem bem logo à primeira não existiam os livros e as canções que tanto me fazem lembrar de ti. Não te podia recordar, não te podia lembrar sempre, quando quisesse.
Talvez façamos parte de qualquer canção apaixonada que fala de um amor que (ainda) não foi feliz; talvez sejas assunto para um livro que, com tantas ou tão poucas páginas, explica como é que é suposto (não) dar certo.
Talvez eu espere que esta seja mais uma de tantas histórias que, por sorte, quase (não) vivi: uma das que acabam, mas acabam por não chegar ao fim. Uma espécie de guia que nos ensina a tomar conta de nós e dos nós que, um dia, foram laços e que, agora, são só pontas soltas, por aí perdidas.