24 de fevereiro de 2015

Já ninguém morre por amor

Será que algum dia nos vamos matar por amor?
Morrer com o que nos afasta um do outro. Deixarmos-nos ir com o que nos consome o tempo e a vontade.
Se algum dia eu chegar a morrer de amores por ti, quero morrer depressa. Quero que seja a melhor e maior morte de todas. Que te traga para perto e que me leve para longe. Tu perto do que ainda não te mostrei e eu longe do que já conheço de ti.
Se algum dia te declarar o óbito, que te faça o luto bem depressa. Que seja como um criança que deixou o brinquedo preferido por aí perdido. Que chore muito, mas que te esqueça rápido. Que me esqueça ainda mais rápido que alguma vez quis morrer por ti.
E que tu queiras morrer por mim. Que tenhas em ti alguma coisa para matar. Ainda que sejam as memórias de mim, da minha pele na tua. Arranca-me e mata-me depressa.

Ou então, só por hoje, enquanto não me deixas morrer por ti, mata-me o desejo. Leva-me a passear. Leva a minha vontade para longe e ensina-me a matar a vontade de ti, a vontade de te gritar e de te querer aqui, bem junto, onde ficas tão bem comigo.