13 de março de 2015

Foda-se

Destruir-me. Matar-me. Ser o ser mais nojento que existe. A necessidade de me odiar. De não gostar de mim. Somos todos nojentos. Não somos charlie, coisa nenhuma. Somos nojentos. Incapazes. Não sabemos apreciar uma troca de olhares, Bukowski ao fim da tarde. O Tejo a correr em nós.

Assusta-me a minha sobriedade. A minha tibieza. Assusta-me ser só isto. Entro em pânico por ser só. Sem encantos. Ser a única coisa em que sou capaz: desilusão. Ser tão mísera que ninguém vê em mim mais do que aquilo que sou.

A minha fase mais auto-destrutiva chegou e para ficar. Se bem-vinda. Não há muito mais para ver. Não tenho histórias bonitas para contar. Não sou cheia de pessoas e de algo que valha a pena. Sou o miúdo gordinho de quem todos gozam na escola: um corpo vazio. Sem mais nada para ver, para conhecer. Uma vida vazia, uma vida sozinha.

5 de março de 2015

T de ternura

"Sozinha no monte.
O meu olhar era ternura
De ver água na fonte
E poder comer fruta madura.

Quando chegava a noite escura,
Dizia sempre esta razão:
"Vives aqui criatura,
Sozinha nesta solidão"

Olhei por muito tempo,
Via os lindos horizontes,
Ouvia soprar o vento
E o correr da água mas fontes.

Foi assim que eu encontrei
Este mundo de beleza.
Estava sozinha no monte
E adorei a natureza"

85 anos. A minha avó. Sempre e sempre mais para me ensinar.